Wayra Brasil
March 9, 2022

Metaverso poderá criar “metamundos” de interação nos próximos anos

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Falar sobre metaverso se tornou tendência no Brasil nos últimos meses de 2021. Na ressaca de meses sofridos e desafiadores após sucessivas ondas de Covid-19, a promessa de um ambiente híbrido capaz de mesclar experiências online e offline parecia um oásis de boas notícias para o futuro. Não à toa, virou tema de reuniões entre executivos e relatórios de tendências, que enxergam no metaverso um potencial não só de negócios, mas de novas formas de organizar as nossas vidas, nosso trabalho e até nossos momentos de lazer. E, por ser um mundo tão interessante e inovador, juntamos todos os Hubs da Wayra, a Wayra X e a Telefônica Ventures, e lançamos uma campanha em busca de startups que estejam desenvolvendo tecnologias e aplicações no metaverso — veja aqui.

O termo tem origem na obra de ficção científica de Neal Stephenson, Snow Crash, que chamou de metaverso uma existência ficcional que mesclava as existências física e digital. Três décadas depois do lançamento do livro, a expressão foi “reapropriada” para se referir a uma potencial nova realidade que está se configurando diante dos nossos olhos. Seria uma “nova internet”, uma tentativa de criar uma sociedade virtual mais democrática ou, quem sabe, apenas um revival do Second Life? Ainda não se sabe. Apesar da falta de certezas, grandes empresas já estão apostando forte no assunto, de forma tão intensa que impactou até as estratégias de rebranding do Facebook, que trocou o nome do conglomerado para Meta, em uma referência direta ao metaverso. Inclusive, anunciamos no último dia 1 de março no evento 4YFN, a parceria da Telefônica com o Meta para impulsionar a conectividade e a inovação do ecossistema.

Parte do frisson que o tema tem causado é reflexo da intensa digitalização das nossas vidas nos últimos dois anos. Ficou complexo separar o que é “real” e o que é “virtual”, e a convivência com ambientes híbridos entre uma coisa e outra dá margem para imaginar um “novo mundo”. Segundo especialistas, o metaverso entrará nas nossas vidas como uma transição suave e discreta, que se integrará nas nossas rotinas por meio de novos produtos, serviços e capacidades de nos conectarmos uns com os outros.

MetaVidas em MetaEspaços

Da mesma forma que tantas tecnologias se integraram às nossas vidas — pense no telefone, na internet, no celular — assim também se acredita que acontecerá com o metaverso. Diversas arenas do nosso cotidiano vão mesclar digital e real, permitindo que tenhamos MetaVidas em MetaEspacos de interação, diversão, e até mesmo negócios.

Muitos de nós já tivemos algumas vivências majoritariamente digital durante os momentos prolongados de quarentena em 2020 e 2021, o que pode ter trazido novas visões sobre a oportunidade de se relacionar à distância com outras pessoas sem precisar se locomover geograficamente. E se a primeira impressão do seu avatar será a que fica, parece apenas justo que os “looks” virtuais ganhem mais relevância, aumentando a procura por vestuários digitais (também conhecidos como skins) para manter um visual impactante e memorável. A tendência foi rapidamente abraçada por marcas fashion, que chegaram a criar vestuários exclusivamente digitais para serem utilizados nos metaversos.

Um movimento semelhante aconteceu com os espaços virtuais de interação, que ganharam a atenção de arquitetos e decoradores para criar ambiências agradáveis para quem os visita. Em muitos casos, estes espaços deixaram de ser apenas salas de games ou de encontros entre amigos, se expandindo para promover shows, concertos ou até para reuniões formais de trabalho. Se circular com seu bonequinho em games como Minecraft, Roblox ou Fortnite parecia algo juvenil, gigantes como a Microsoft estão de olho nestas plataformas como um pontapé inicial para a criação de metaversos corporativos. Circulando por ambiente 100% digitais, executivos poderão participar de reuniões, encontros e conferências sem precisar sair de suas casas, economizando não só o tempo de viagens, mas também os custos corporativos com traslados. Ao invés de se encontrarem em janelinhas de videoconferência, o metaverso poderá prover versões digitais de salas de reunião onde os avatares personificam visualmente cada um dos colegas de trabalho, que serão dublados pelas vozes de analistas, gerentes, diretores e até CEOs que atuam em grandes companhias do mundo todo.

Novas oportunidades de negócio e de trabalho no horizonte

Aos poucos, as plataformas que antes pareciam “brincadeira de criança” poderão se transformar em locações virtuais, reunindo milhões de pessoas. Experimentações recentes, como o show da cantora pop Ariana Grande na plataforma de games Fortnite, que chegou a ser assistida por mais de 1 milhão de espectadores simultâneos, são apenas a ponta do iceberg. Diante das possibilidades do metaverso, marcas, publicitários, varejistas, fintechs e até empregadores têm buscado incorporar o metaverso nas suas estratégias de negócios.


Quem rapidamente conseguiu aproveitar o momento foram as plataformas de games, que receberam um enorme interesse da indústria da publicidade. Afinal, com locações físicas fechadas e tantas pessoas se encontrando virtualmente em espaços digitais, o chamado gamevertising (publicidade dentro dos games) se consolidou como uma oportunidade das marcas se engajarem com suas audiências. A chance é especialmente importante para quem quer alcançar um público jovem, que tende a sentir mais simpatia por marcas que estão presentes no digital. Segundo um levantamento da Wunderman Thomson Intelligence, a maioria (63%) dos jovens da Geração Z dos EUA, Reino Unido e China acredita que se a marca não estiver online, provavelmente vão se esquecer dela.

Inspirado pelo sucesso do metamundo dos games, o varejo também explora as possibilidades dos ambientes digitais com a criação de lojas virtuais por onde os consumidores podem passear e conhecer mais os produtos. Depois de perceberem que seus clientes se acostumaram pela força do hábito com as compras online, as lojas agora buscam formas de engajá-los na descoberta de novos produtos por meio das vitrines virtuais que permitem passear pelo catálogo sem precisar colocar o pé para fora de casa.

Algumas marcas de luxo chegaram a apostar em passeios imersivos, com o uso de equipamentos de realidade virtual (VR) ou exposições virtuais em plataformas de games. Foi o caso da Gucci, que em parceria com a Roblox montou uma versão virtual da exposição Gucci Garden, que acontecia na Florença, na Itália. Os visitantes do jardim digital podiam interagir com a instalação e adquirir peças virtuais em edições limitadas. Os pagamentos, é claro, também acontecem de maneira totalmente digital, alavancando ainda mais as oportunidades das fintechs de intermediação de pagamento, que ganham novos ambientes de atuação dentro dos metaversos.

Como toda tendência, o horizonte do Metaverso aponta para possibilidades que talvez nunca se concretizem ou que sejam adaptadas para acontecer de maneiras mais brandas ou discretas. Independentemente do que o futuro reserve para o impacto das possibilidades da tecnologia na nossa organização social, preparar-se para viver em uma meta-sociedade pode ser um passo importante. Afinal, como já vimos em tendências anteriores, muitas vezes não se trata da adoção de uma ou outra plataforma em especial, mas do despontar de um novo formato que está em vias de se consolidar.

Vamos descobrir juntos? Se você tem uma startup e quer alavancar seus negócios, inscreva-se em nossa chamada: https://www.wayra.com/open2metaverse.

Se você não tem uma startup, nos conte o que acha deste novo mundo.

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