Destacar a presença feminina em cargos de liderança em startups e no ecossistema empreendedor pode promover um efeito cascata no longo prazo. Devemos falar disso o ano inteiro e não apenas em março, por causa do Dia Internacional da Mulher, ou em novembro, quando se comemora o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino.
Ano após ano, a Wayra reforça a importância do empreendedorismo feminino. E isso não acontece apenas por uma preocupação recente com as políticas de ESG, que incentivam uma maior diversidade na governança das companhias. Acompanhamos há anos estudos que apontam que times liderados por mulheres têm melhor performance e que a liderança feminina pode alavancar a inovação das companhias ao promover times mais diversos.
Apesar do que apontam os fatos, muitas empreendedoras seguem enfrentando desafios. Além de questões estruturais, reflexo de um setor que ainda é majoritariamente masculino, elas também enfrentam obstáculos em termos de financiamento, com dificuldades no acesso a crédito.
Segundo uma pesquisa realizada pela Distrito em parceria com a B2Mamy, dos US$3,5 bilhões de investimentos feitos em startups brasileiras no ano de 2020, apenas 0,04% do total foram para startups de mulheres. Empreendedoras de pequeno porte também recebem empréstimos em média R$ 13 mil mais baixos do que os oferecidos aos empreendedores homens, além de precisarem lidar com taxas de juros que chegam a ser 3,5% maiores, de acordo com dados do SEBRAE. Mesmo com planos de negócios consistentes e até ousados, demonstrando que não possuem aversão ao risco, as dificuldades de financiamento impedem que as mulheres alavanquem suas ideias de negócios para um próximo nível.
No entanto, uma pesquisa global recente destacou que existe algo mais subjetivo que impacta profundamente a motivação dessas empreendedoras em seguir com seus planos de negócio: a ausência de referências e modelos de liderança feminina no empreendedorismo.
A observação pode a princípio parecer óbvia, mas a existência de mulheres líderes capazes de inspirar as próximas gerações de fundadoras faz a diferença na motivação que as empreendedoras vão precisar para superar os desafios e adversidades que toda startup encontra à sua frente. Esse vácuo de reconhecimento ainda deixa uma lacuna de estímulos para que as empreendedoras continuem trilhando um caminho que frequentemente exige perseverança e resiliência.
Os desafios estruturais da sociedade ainda vão exigir tempo para serem solucionados. A proposta das políticas de ESG é louvável e necessária para fomentar um avanço na diversidade das companhias, um passo importante na direção de maior presença feminina entre executivos e membros do conselho.
Da mesma maneira, os investidores estão mais atentos aos índices de diversidade das empresas, em muitos casos estabelecendo diretorias de inclusão e diversidade, não apenas por uma questão de princípios, mas também por uma visão de negócios. Afinal, eles sabem que essa movimentação pode render melhores resultados financeiros no futuro.
A expectativa para os próximos anos é que os dizeres “uma mulher puxa a outra” possam ser transformados em realidade, permitindo que o empreendedorismo feminino siga crescendo exponencialmente conforme elas forem ocupando novos espaços. A depender dos dados, o otimismo não é infundado: segundo dados da Rede Mulher Empreendedora, 73% dos empreendimentos liderados por mulheres no Brasil são majoritariamente femininos, contra apenas 21% dos negócios liderados por empreendedores homens; e dentre as sociedades, 44% das donas de negócio com sociedade são sócias com outras mulheres.
Hoje, além de apostar em programas específicos para incentivar a presença feminina no empreendedorismo, como o Scale Up Women, a Wayra conta com um time robusto de mulheres ousadas e dispostas a superar barreiras, além de se colocarem como referências para o ecossistema empreendedor. É o caso da Country Manager Livia Brando e da Head de Investimentos e Gestão de Portfólio Carolina Morandini, ambas listadas como uma das 20 mulheres que mais se destacam em inovação aberta no Brasil.
Além delas, as investidas da Wayra também formam hoje com uma forte geração de empreendedoras, fundadoras e co-fundadoras de startups que fizeram, fazem e ainda vão fazer negócios com a Vivo. Algumas delas são Jordana Souza (co-fundadora e CRO da Voll), Juliana Assunção (fundadora e CMO da RankMyApp), Taís Pinheiro (fundadora e COO da Conube), Maria Tamelini (co-fundadora e COO da GamerSafer), Andrea Thompsen (co-fundadora da GetUp Cloud). Felizmente, elas hoje inspiram as futuras gerações de mulheres empreendedoras que vêm por aí.
O caminho será longo e a mudança não virá da noite para o dia. O importante é que, um passo de cada vez, o empreendedorismo feminino no Brasil avança e promete insistir na caminhada. Ainda bem!