Falar de investimentos corporativos em inovação aberta deixou de ser assunto apenas para as reuniões de executivos. O olhar estratégico dos profissionais do mercado para as oportunidades de inovar em parceria com startups passou a ser fundamental para as empresas que querem se tornar competitivas e se manter atualizadas diante das crescentes demandas do mercado e dos consumidores
Esse movimento de parcerias a partir de uma simbiose entre corporações e startups fica evidente nos números: um levantamento recente da Distrito Dataminer publicado na Época Negócios de setembro mostrou que o montante investido por iniciativas de Corporate Venture Capital (CVCs) em startups no explodiu no último ano no Brasil, saltando de cerca de 200 milhões em 2020 para mais de 600 milhões de dólares.
São muitos os fatores que podem influenciar essa crescente exponencial, e dentre eles está a capacidade das empresas de se engajarem com a inovação aberta. Esse envolvimento pode acontecer tanto nos altos níveis hierárquicos, com executivos patrocinando e apostando nas estratégias em parceria com startups, quando em outras instâncias da corporação, quando profissionais dos mais diversos cargos ou níveis defendem a inovação aberta, trazendo novas ideias para a mesa e alavancando transformações na cultura interna das empresas.
Isso acontece porque manter projetos de longa duração como um CVC, que precisam de anos para render dividendos ou melhorias para as corporações, só é possível quando as lideranças se tornam verdadeiras patrocinadoras da ideia.
Em um artigo recente, Carolina Morandini, Head de Investimento e Gestão de Portfólio da Wayra Brasil, relembrou o forte envolvimento de José María Pallete, hoje presidente global da Telefônica, que apoiou a criação da Wayra especialmente em seus primeiros anos, há dez anos, quando os resultados ainda eram menos evidentes do que hoje em que o CVC pode se orgulhar de inúmeros exits (saídas) bem-sucedidas.
Da mesma forma, a posição de Christian Gebara, CEO da Vivo, é crucial para manter a inovação aberta da Wayra conectada aos objetivos de negócios da corporação no Brasil. Em entrevista à Época Negócios de setembro, Gebara contou como mantém um relacionamento próximo com a Wayra e gosta de conhecer os empreendedores que recebem aportes no Brasil.
Para manter acesa a chama da inovação aberta e uma cultura voltada à inovação, as empresas também precisam qualificar seus times de modo que eles consigam defender seus projetos em parceria com startups, dedicando tempo, recursos humanos e até parte do seu orçamento para fazer o processo inovador acontecer.
Na Vivo, uma das formas de manter essa cultura inovadora viva acontece por meio do programa Vivo Discover, que em parceria com a Wayra trabalha na formação de multiplicadores da inovação aberta entre os colaboradores da corporação, os chamados “Shapers”.
Por meio de um programa imersivo, que conta com palestras, oficinas e uma grade disciplinar que ensina a fazer negócios com startups, o programa desperta o interesse dos colaboradores de diferentes áreas e regiões do Brasil com o universo da inovação. Dessa forma, os Vivo Shapers passam a se relacionar com o ecossistema empreendedor, buscando startups que possam fazer negócios com a empresa para aumentar a agilidade e eficiência, reduzir custos e até descobrir novas fontes de receita.
Formando em 2021 a sua terceira turma, o Vivo Discover também conta com forte apoio de Gebara, que enxerga no programa uma oportunidade de capacitar colaboradores para continuar escalando o sucesso das iniciativas de inovação aberta da Vivo.
Essa conexão entre corporação e startups, entre executivos e gestores de inovação aberta, cria um grande potencial para avanços em ambos os lados da parceria. Nos últimos anos, a Wayra tem participado de comitês internos junto às lideranças e vem trazendo novas ideias para a empresa. Da mesma forma, muitos dos Shapers também se destacam entre as lideranças por sua capacidade de conectar necessidades corporativas com soluções novas do mercado, resolvendo gargalos e trazendo mais produtividade.
O reflexo disso fica evidente aos poucos, seja nas centenas de empresas que foram abordadas por Shapers e trazidas para perto das áreas de negócios internos da Vivo, nas mais de 45% das startups da Wayra que fazem ou fizeram negócios como a Vivo, como também nas listas de personalidades de destaque de inovação aberta, que elencam lideranças da Wayra entre os principais nomes do país no assunto.
Manter um CVC ou uma iniciativa de inovação aberta viva dentro de uma corporação exige mais do que planejamento ou investimento: requer também o engajamento das pessoas, partindo do mais alto escalão, que pode patrocinar e incentivar corporativamente as iniciativas, e passando por todos os níveis hierárquicos, com incentivos e cultura corporativa alinhados a estes objetivos de inovação
Ao respirarem juntos uma cultura voltada à inovação e colaboração, eles conseguem enxergar soluções para o futuro por meio de parcerias com startups e empreendedores. É um caminho longo, repleto de colaboração e cocriações, mas que promete um futuro melhor e mais colaborativo.